Por que o rastreamento de Câncer de Colo do Útero não é recomendado antes dos 25 anos?

O câncer de colo do útero é uma preocupação significativa para a saúde das mulheres em todo o mundo. O rastreamento de câncer do colo do útero, feito através do exame preventivo (também chamado de exame Papanicolau ou citopatológico), é crucial para a detecção precoce de alterações celulares, permitindo tratamento eficaz e reduzindo significativamente a incidência e mortalidade pelo câncer cervical.

Dentro desse contexto, a atenção primária à saúde desempenha um papel fundamental no rastreamento de câncer de colo do útero, pois possibilita o acesso regular a exames preventivos, educação sobre saúde e encaminhamentos adequados, contribuindo para a detecção precoce e a redução da morbidade e mortalidade associadas à doença.

rastreamento de câncer

Um dos aspectos importantes relacionados ao tema está na idade para início do rastreamento de câncer. A recomendação médica geral é que o rastreamento para essa doença não seja iniciado antes dos 25 anos de idade. Existem diversas razões médicas e científicas para essa orientação:

  • Baixa incidência antes dos 25 Anos: o câncer de colo do útero é incomum em mulheres com menos de 25 anos. A grande maioria dos casos ocorre em mulheres mais velhas, com a incidência aumentando a partir dos 30 anos. Portanto, iniciar o rastreamento muito cedo não traria benefícios significativos e poderia levar a procedimentos invasivos desnecessários.
  • Probabilidade de resultados falsos positivos: realizar testes de rastreamento de câncer em mulheres muito jovens pode levar a resultados falsos positivos. Isso significa que um teste pode indicar a presença de células anormais quando, na verdade, não há nenhum problema. Esse cenário pode causar ansiedade e levar a procedimentos invasivos e desnecessários. Dependendo do tipo de intervenção nas mulheres com resultados falso positivos, pode haver um risco aumentado de complicações durante uma eventual gravidez, como parto prematuro, especialmente se procedimentos invasivos forem realizados.
  • Potencial dano psicológico e físico: receber um diagnóstico equivocado ou passar por procedimentos invasivos sem necessidade pode ter impactos psicológicos e físicos significativos. Esses eventos podem causar estresse emocional e desconforto físico desnecessário para mulheres jovens, sem trazer benefícios reais à saúde.
  • Efetividade do rastreamento após os 25 anos: nessa faixa etária, as células cervicais já estão mais propensas a apresentar alterações pré-cancerosas que podem ser detectadas por esse exame.

Diretrizes Médicas e Organizacionas sobre o rastreamento de câncer de colo do útero

Essas recomendações se baseiam em diretrizes estabelecidas por organizações médicas e de saúde renomadas, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e sociedades médicas especializadas em ginecologia e oncologia. Tais diretrizes são fundamentadas em evidências científicas sólidas.

Aqui no Brasil, tanto o INCA (Instituto Nacional de Câncer) quanto o Ministério da Saúde do Brasil (MS) alinham-se com as recomendações internacionais ao sugerir que o rastreamento de câncer de colo do útero deve iniciar a partir dos 25 anos de idade, respeitando a periodicidade e orientações médicas adequadas para cada caso específico.

Lembrando a rotina:

  • A partir dos 25 anos: início do rastreamento a partir dos 25 anos para todas as pessoas com colo do útero, mesmo para pacientes sexualmente ativas antes dessa idade. Os dois primeiros exames devem ser realizados com intervalo anual e, se ambos os resultados forem negativos, os próximos devem ser realizados a cada 3 anos. Lembrando: o exame preventivo deve ser feito somente por pacientes que já tiveram relações sexuais. 
  • Até 64 anos: os exames periódicos devem seguir até os 64 anos e, naquelas mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré-invasiva, interrompidos quando tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. 
  • Após os 64 anos: se resultados anteriores foram normais pode-se interromper o rastreamento de câncer de colo do útero em mulheres que já realizaram exames regulares nas últimas décadas. Para mulheres com mais de 64 anos e que nunca se submeteram ao exame citopatológico, devem-se realizar dois exames com intervalo de um a três anos. Se ambos os exames forem negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames adicionais.
  • Orientação sexual: a rotina de rastreamento de câncer não é exclusiva para mulheres heterossexuais.  Mulheres que se identificam como lésbicas e bissexuais, por exemplo, devem realizar exame de prevenção de câncer de colo uterino seguindo as mesmas orientações para mulheres com relações heteroafetivas. 
  • Pacientes submetidas à histerectomia: Mulheres submetidas à histerectomia total por lesões benignas, sem história prévia de diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau, podem ser excluídas do rastreamento, desde que apresentem exames anteriores normais. Em casos de histerectomia por lesão precursora ou câncer do colo do útero, a mulher deverá ser acompanhada de acordo com a lesão tratada.

Conclusão

É fundamental seguir as recomendações médicas quanto ao rastreamento de câncer de colo do útero. Iniciar os exames regularmente a partir dos 25 anos, conforme indicado pelas diretrizes médicas, maximiza os benefícios do rastreamento, minimizando os riscos associados a falsos positivos e procedimentos invasivos desnecessários em mulheres mais jovens.

Cuidar da saúde é crucial, e seguir as orientações de profissionais médicos é a melhor forma de garantir uma abordagem adequada e eficaz para a prevenção e detecção precoce do câncer de colo do útero.

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